O cubismo não é simplesmente um estilo entre outros na história da pintura: é uma verdadeira revolução visual que abalou os códigos tradicionais da representação artística. Surgido no início do século XX, esse movimento inovador desafiou a perspectiva clássica para propor uma visão fragmentada, intelectual e múltipla da realidade. Nascido da necessidade de reinventar a maneira de ver e representar o mundo, o cubismo marca uma virada decisiva na arte moderna.
Neste artigo, Alpha Reproduction convida você a mergulhar no fascinante universo do cubismo: desde suas origens até as grandes obras que o tornaram famoso, passando por seus artistas emblemáticos e seu legado contemporâneo.
👨🎨 2. Os Fundadores do Cubismo
Qual pintor inventou o cubismo?
O cubismo não é a obra de um único artista, mas sim o fruto de uma colaboração estreita entre duas figuras importantes da pintura moderna: Pablo Picasso e Georges Braque. Juntos, eles construíram uma nova linguagem visual que marcaria duradouramente a história da arte.

Pablo Picasso & Georges Braque: os pioneiros
É em 1907 que tudo começa, quando Picasso pinta As Meninas de Avignon. Inspirado pela arte africana e pelas pesquisas de Cézanne, ele rompe voluntariamente com a perspectiva tradicional para representar os corpos de forma angulosa e fragmentada.
Pouco depois, Georges Braque, influenciado por esta pintura, também inicia experimentações semelhantes. Entre 1908 e 1914, os dois artistas trabalham lado a lado, em um intenso diálogo artístico. Juntos, desenvolvem os fundamentos do cubismo: formas geométricas, redução das cores, planos múltiplos. Braque dirá mais tarde:
“Éramos como dois alpinistas amarrados pela mesma corda.”
O papel de Cézanne como precursor
Se Picasso e Braque são os fundadores do cubismo, Paul Cézanne é sem dúvida o precursor. No final do século XIX, Cézanne já explorava a simplificação das formas naturais em cilindros, esferas e cones. Sua busca por uma estrutura subjacente à natureza influenciou profundamente os jovens pintores do início do século XX.
É especialmente através de sua famosa frase – “Tratar a natureza pelo cilindro, pela esfera, pelo cone” – que se mede o impacto de Cézanne na emergência do cubismo.

🔍 3. Como Reconhecer uma Obra Cubista?
Características visuais e técnicas
Uma obra cubista é reconhecida à primeira vista... desde que se saiba o que observar. O cubismo rompe com a representação realista para propor uma visão fragmentada e conceitual do assunto. Entre os elementos mais marcantes :
Formas geométricas: os objetos e figuras são decompostos em cubos, cones, esferas ou cilindros.
Multiplicação de pontos de vista: em vez de um único ângulo, o artista combina várias perspectivas em uma mesma imagem.
Paleta reduzida: especialmente na fase analítica, as cores são sóbrias (tons marrons, cinzas, ocres), enfatizando a estrutura.
Colagem e texturas: no cubismo sintético, elementos reais (papéis, jornais, madeira) são integrados à tela.

As formas geométricas e a desconstrução
O princípio básico do cubismo é simples, mas radical: decompor para melhor reconstruir. O artista não busca mais imitar a natureza, mas compreendê-la e representá-la sob seus aspectos fundamentais.
Assim, um violino, um rosto ou uma cadeira são analisados, depois 'desconstruídos' em planos e volumes que coexistem em um mesmo espaço visual.
Cubismo analítico vs cubismo sintético
O cubismo geralmente se divide em duas grandes fases:
Cubismo analítico (1909–1912)
Esta primeira fase é a mais abstrata. As formas são fragmentadas em uma mosaico de pequenos planos, em uma paleta muitas vezes monocromática. O objetivo: analisar o assunto em profundidade, 'dissecar' visualmente.

Cubismo sintético (1912–1919)
Mais legível e mais colorido, este segundo tempo do cubismo reconstrói formas simplificadas. É também a época dos primeiros colagens na história da arte, onde os materiais do cotidiano se convidam na tela.
📅 4. Os Grandes Períodos do Cubismo
O cubismo não se impôs de uma só vez. Ele evoluiu em várias etapas, cada uma marcando um avanço na reflexão dos artistas sobre a representação da realidade. Aqui está uma visão geral dos grandes períodos do cubismo, desde suas origens até seu esplendor após a Primeira Guerra Mundial.
🟫 Os começos (1907–1909)
Este período experimental marca os primeiros passos do cubismo. Picasso, com As Senhoritas de Avignon (1907), e Braque, com Casas em Estaque (1908), começam a simplificar as formas e a abandonar a perspectiva tradicional. Eles se inspiram nas máscaras africanas, na arte oceânica e em Cézanne. As obras ainda permanecem figurativas, mas já anunciam uma ruptura.
🎨 1. As Senhoritas de Avignon – Pablo Picasso (1907)
Esta obra é frequentemente considerada como o ponto de partida do cubismo. Cinco figuras femininas com corpos angulosos e rostos mascarados ocupam um espaço desestruturado. Inspirado pela arte africana e oceânica, Picasso rompe com a perspectiva clássica e inicia uma representação fragmentada do corpo humano. Esta pintura choca por sua radicalidade e frontalidade.
🏠 2. Casas em L’Estaque – Georges Braque (1908)
Pintado após uma estadia em L’Estaque, esta paisagem urbana marca uma simplificação geométrica radical. As casas tornam-se volumes maciços e angulares, as árvores são reduzidas ao essencial. A influência de Cézanne é muito perceptível, mas Braque leva mais longe a fragmentação do espaço.
🧑🎨 3. Nu à la draperie – Pablo Picasso (1907)
Pintado logo antes de Les Demoiselles d’Avignon, este nu já anuncia a vontade de Picasso de deformar e achatar a figura humana. Os contornos são simplificados, os volumes são tensionados, e o olhar do artista se destaca das convenções acadêmicas. É uma transição marcante para o cubismo.

🧱 4. Grande Nu – Georges Braque (1908)
Nesta obra, Braque explora a desconstrução do corpo feminino, afastando-se da sensualidade tradicional. O modelo é tratado em blocos geométricos, quase arquitetônicos. A sombra e a luz são usadas para acentuar a forma, sem recorrer à perspectiva clássica.

🎭 5. Três mulheres – Pablo Picasso (1908)
Frequentemente considerada como uma sequência lógica das Demoiselles d’Avignon, esta obra continua o estudo das formas maciças e esculturais. As três figuras femininas lembram estátuas primitivas, com uma monumentalidade acentuada. Os volumes são compactos, os detalhes secundários são eliminados.

📐 O cubismo analítico (1909–1912)
Esta é a fase mais complexa do movimento. Os artistas levam a desconstrução até a abstração parcial.
Os objetos e as figuras são fragmentados em facetas angulosas, quase cristalinas.
As cores tornam-se neutras (cinzas, marrons, ocres), para não desviar a atenção da estrutura. O objetivo é explorar intelectualmente a forma e o espaço.
🎻 1. O Português – Georges Braque (1911–1912)
Esta pintura é emblemática do cubismo analítico. A imagem de um músico tocando guitarra é quase irreconhecível, decomposta em uma mosaico de pequenos planos geométricos. A paleta é restrita (ocres, cinzas, marrons), reforçando o aspecto intelectual da obra. Nela, distinguem-se fragmentos de letras e números, reforçando a abstração visual.
🧔 2. Retrato de Ambroise Vollard – Pablo Picasso (1910)
Neste retrato do famoso marchand de arte, Picasso analisa o rosto e a silhueta de seu modelo reduzindo-os a formas angulosas e sobrepostas. Os diferentes pontos de vista são reunidos em um mesmo espaço pictórico. O sujeito parece quase se dissolver no fundo, tamanha é a fragmentação levada ao extremo.

🎨 3. Homem com a Guitarra – Georges Braque (1911)
O instrumento musical, motivo cubista por excelência, é tratado aqui como um pretexto para a experimentação formal. As formas se entrelaçam, os ângulos se multiplicam, e os volumes são analisados em todas as suas facetas. A obra encarna plenamente o espírito do cubismo analítico: uma pintura reflexiva, intelectual e arquitetônica.
📚 4. O Homem com o Violão – Pablo Picasso (1911–1912)
Aqui novamente, Picasso escolhe um músico como tema. A imagem é fraturada, quase indecifrável à primeira vista. A ausência de cores vivas enfatiza a estrutura e a complexidade espacial. É uma pintura para "ler" mais do que para olhar, onde o olho do espectador deve recompor o quebra-cabeça.
📰 5. Retrato de Picasso – Juan Gris (1912)
Juan Gris, frequentemente considerado como o terceiro grande nome do cubismo, adota uma abordagem mais estruturada e luminosa do que seus predecessores. Neste retrato, ele mantém o espírito analítico do cubismo enquanto esclarece as formas. Os elementos são sempre decompostos, mas de uma maneira mais legível e gráfica.
🟨 O cubismo sintético (1912–1919)
Diante da complexidade do cubismo analítico, os artistas buscam simplificar. As formas tornam-se mais legíveis, as cores mais vivas, as composições mais abertas. É também a invenção da colagem, uma verdadeira revolução artística: papéis de parede, jornais, madeira, cordas… fazem sua entrada nas telas.
📰 1. Nature morte à la chaise cannée – Pablo Picasso (1912)
Esta pintura é considerada uma das primeiras obras cubistas sintéticos. Picasso introduz um elemento revolucionário: um colagem de lona encerada impressa com um padrão de cana, fixada à tela com uma corda. A obra mistura desenho, pintura e objetos reais para sintetizar uma imagem de maneira nova. Uma peça fundadora da história da colagem na arte moderna.
🎸 2. Guitarra – Pablo Picasso (1912–1913)
Escultura em papelão recortado, depois em metal, esta obra marca a transição do cubismo pictórico para o 3D. Ao desconstruir um violão em formas planas, Picasso cria uma estrutura aberta, como uma colagem no espaço. Ela incorpora perfeitamente a ideia sintética: simplificação, novos materiais e ruptura com a tradição escultórica clássica.
🧾 3. Le Journal – Juan Gris (1916)
Juan Gris est l’un des maîtres du cubisme synthétique. Dans Le Journal, il superpose papier, lettres, objets du quotidien, et formes peintes dans une composition harmonieuse. Ses œuvres se distinguent par leur clarté, leur équilibre graphique et une utilisation plus audacieuse de la couleur que chez Picasso ou Braque.
🍇 4. Fruteira e copo – Georges Braque (1912)
Aqui, Braque monta elementos pintados e colados (papéis de parede, letras impressas), em uma composição que evoca uma natureza morta de mesa. A pintura é um jogo de texturas, tipografias e cores sóbrias. Esta obra marca uma virada para um cubismo mais legível e acessível.

🎶 5. Natureza morta com toalha xadrez – Juan Gris (1915)
Gris introduz aqui um padrão decorativo forte (a toalha xadrez) para estruturar uma composição ao mesmo tempo rigorosa e poética. O espaço é achatado, os objetos são estilizados, mas reconhecíveis. Esta pintura mostra como o cubismo sintético pode aliar rigor geométrico e senso de decoração, prenunciando a arte déco.
🎖️ O cubismo após a Primeira Guerra Mundial
Após 1918, o cubismo se difunde amplamente. Ele influencia não apenas a pintura, mas também a arquitetura, a escultura, o design e a moda. Alguns artistas como Fernand Léger introduzem elementos mecânicos em suas obras, dando origem a um cubismo industrial.
O cubismo continua a evoluir, mas perde gradualmente seu caráter radical para se integrar em uma linguagem artística mais ampla.
🖼️ 5. Obras Cubistas Famosas
O cubismo deu origem a algumas das obras mais marcantes da arte moderna. Essas pinturas incorporam a ruptura estética iniciada por Picasso e Braque, mas também a riqueza das pesquisas visuais do movimento. Vamos explorar algumas obras-primas emblemáticas.
🎨 Obras emblemáticas do cubismo
Aqui estão algumas pinturas imperdíveis que ilustram a diversidade do cubismo:
revolucionário:
🎨 1. As Senhoritas de Avignon – Pablo Picasso (1907)
Considerada como o ponto de partida do cubismo, esta obra mostra cinco mulheres nuas com rostos angulosos e estilizados, inspirados na arte africana. A perspectiva tradicional é rejeitada em favor de uma visão fragmentada, brutal e expressiva. Esta pintura abre caminho para uma nova representação do corpo humano.
🏠 2. Casas em l'Estaque – Georges Braque (1908)
Esta pintura de paisagem simplifica as formas arquitetônicas em blocos geométricos. Ela encarna os primeiros passos de Braque em direção a um linguagem plástica cubista, influenciada por Cézanne. O espaço torna-se estrutura, as casas tornam-se volumes puros.
🎻 3. O Português – Georges Braque (1911)
Uma obra-prima do cubismo analítico. A figura de um músico é desconstruída em uma multiplicidade de planos e fragmentos. As letras e números integrados na composição anunciam o abandono progressivo da figuração pura em favor de um linguagem gráfica abstrata.
🧔 4. Retrato de Ambroise Vollard – Pablo Picasso (1910)
Neste retrato do famoso marchand de arte, Picasso leva a fragmentação ao extremo. O rosto se funde em um emaranhado de planos, traduzindo a complexidade psicológica do sujeito. É uma obra maior do cubismo intelectual.

📰 5. Natureza morta com a cadeira de vime – Pablo Picasso (1912)
Uma obra fundadora do cubismo sintético, integrando pela primeira vez um colagem (tela encerada impressa). O objeto pintado funde-se com elementos reais, borrando as fronteiras entre arte e realidade. É uma das primeiras telas mistas da história da arte moderna.
🎸 6. Guitarra – Pablo Picasso (1912–1913)
Escultura em papelão, depois em metal, esta guitarra é uma revolução espacial: ela transpõe os princípios do cubismo para a terceira dimensão. Ela demonstra a capacidade do cubismo de ultrapassar o quadro da pintura.
📚 7. O Jornal – Juan Gris (1916)
Juan Gris traz ao cubismo uma clareza e uma estrutura novas. Nesta obra, ele mistura tipografia, objetos do cotidiano e volumes simplificados em uma composição equilibrada, ao mesmo tempo decorativa e rigorosa.
🎼 8. Violão e paleta – Georges Braque (1909)
Aqui, Braque explora a relação entre objeto e abstração. O violão é desconstruído e combinado a outros objetos (paleta, pregos), em um espaço pictórico fragmentado. A luz é reduzida a contrastes de planos.

🍇 9. Fruteira e copo – Georges Braque (1912)
Um belo exemplo de natureza morta cubista. Braque integra papéis colados e trabalha as sombras e formas com sobriedade. A obra ilustra bem a transição entre cubismo analítico e sintético.

💠 10. Três mulheres – Fernand Léger (1921)
Embora à margem do cubismo "puro", esta obra sintetiza as contribuições do movimento. Léger adiciona seu toque industrial, suas formas tubulares e suas cores vivas. As figuras femininas, massivas e estilizadas, traduzem uma visão mecânica do corpo humano.

🧠 6. O Cubismo por Tema
O cubismo não se limita a uma única forma de expressão. Ele se aplica a uma grande diversidade de temas, que os artistas exploram através de uma grade de leitura geométrica e conceitual. Aqui estão os principais temas abordados pelos cubistas:
👤 Cubismo e retrato
O retrato cubista desconstrói o rosto humano para revelar uma nova verdade, mais interior do que realista. As feições são simplificadas, fragmentadas, às vezes apresentadas simultaneamente de frente e de perfil.
🎭 1. Retrato de Daniel-Henry Kahnweiler – Pablo Picasso (1910)
Mercador de arte e apoiador do cubismo, Kahnweiler é aqui representado em um estilo analítico extremo. Seu rosto e corpo estão completamente fragmentados em pequenos planos geométricos. A pintura, em tons de marrom e cinza, exige um esforço de leitura visual. O sujeito parece quase desaparecer na composição, reforçando a ideia de que a essência psicológica prevalece sobre a semelhança.

🧔 2. Retrato de Josette Gris – Juan Gris (1916)
Nesta obra sintética, Juan Gris retrata sua esposa Josette com grande ternura e uma clareza gráfica. Ao contrário do cubismo analítico, as formas são nítidas, coloridas, estilizadas. Reconhece-se a figura feminina, enquanto se aprecia a organização geométrica da composição. Uma obra equilibrada entre abstração e emoção.
🧠 3. Retrato de Pablo Picasso – Juan Gris (1912)
Hommage croisé entre deux maîtres du cubisme, ce portrait présente Picasso sous une forme très structurée, avec des volumes clairs et des aplats colorés. On reconnaît la silhouette et le visage du peintre dans une composition ordonnée et synthétique, presque architecturale.
🧓 4. Cabeça de mulher (Fernande) – Pablo Picasso (1909)
Realizada no início do cubismo analítico, esta escultura em bronze representa o rosto de Fernande Olivier, musa de Picasso. Embora seja uma obra tridimensional, respeita os princípios cubistas: fragmentação dos volumes, deformação geométrica, pontos de vista múltiplos. Uma obra poderosa que antecipa a estética cubista antes mesmo de seu nome oficial.
🎨 5. Dançarina no café – Jean Metzinger (1912–1913)
Nesta obra elegante e ritmada, Jean Metzinger captura a energia de uma cena parisiense através de uma dançarina estilizada, representada em uma atmosfera de café animada. As formas são geometrizadas, mas legíveis, as cores refinadas e a composição dinâmica. Esta pintura encarna um cubismo sintético luminoso e acessível, a meio caminho entre abstração e narração. Metzinger demonstra aqui seu talento em traduzir o movimento e a graça com uma estrutura formal precisa.
🍷 Cubismo e natureza morta
A natureza morta é um tema central do cubismo, pois permite brincar livremente com as formas e os planos. Garrafas, copos, instrumentos musicais ou jornais tornam-se pretextos para a exploração da estrutura visual.
📰 1. Copo, jornal e garrafa de Vieux Marc – Pablo Picasso (1913)
Obra típica do cubismo sintético, esta pintura combina pintura, desenho e colagem. Picasso introduz elementos reais como papel de jornal, que ele integra a uma cena de natureza morta. O objeto não é mais simplesmente representado: ele é reconstruído a partir de fragmentos visuais e textuais em uma composição harmoniosa.

🍎 2. Natureza morta com compoteiro – Juan Gris (1914)
Juan Gris explora aqui uma abordagem equilibrada e luminosa da natureza morta cubista. Frutas, um compoteiro e uma jarra são estilizados, mas facilmente identificáveis. O conjunto é estruturado com grande clareza gráfica, homenageando a tradição enquanto a reinventa.
🎻 3. Natureza morta com violino – Georges Braque (1910)
Nesta obra, Braque leva mais longe a decomposição dos objetos, especialmente do violino, que ele trata como um conjunto de planos geométricos. O fundo e os objetos se confundem, tornando a hierarquia espacial quase abstrata. A obra é sóbria em cores, mas rica em texturas e profundidade.
🌄 Cubismo e paisagem
Na paisagem cubista, os elementos naturais ou urbanos são traduzidos em volumes simples. O olhar do espectador é convidado a recompor o espaço a partir de formas fragmentadas.
🏘️ 1. A Cidade – Fernand Léger (1919)
Nesta pintura emblemática do pós-guerra, Léger oferece uma visão urbana mecanizada e fragmentada. Os edifícios, escadas, figuras e máquinas se cruzam em uma composição ritmada por formas cilíndricas e angulares. É uma visão cubista da paisagem moderna, industrial e dinâmica.
🌳 2. Árvores em L’Estaque – Georges Braque (1908)
Pintado durante a estadia de Braque em L’Estaque, esta paisagem é uma das primeiras a abandonar a perspectiva tradicional. As árvores e colinas tornam-se formas sólidas, quase esculturais, dispostas segundo uma lógica geométrica. A pintura anuncia claramente a transição para o cubismo analítico.
🏞️ 3. Paisagem de Céret – Juan Gris (1913)
Nesta obra, Gris aplica a rigidez cubista ao paisagem mediterrânea. As colinas, telhados e vegetação são reduzidos a formas puras, tratados com planos coloridos e um agudo senso de estrutura. O olhar é guiado através de uma composição ao mesmo tempo abstrata e equilibrada.
⛰️ 4. Carreira de Bibémus – Paul Cézanne (1898–1900)
Dans cette œuvre réalisée à Aix-en-Provence, Paul Cézanne explore la structure du paysage en réduisant la nature à des formes géométriques simples et puissantes. Rochers, falaises et arbres sont traités comme des blocs de couleurs imbriqués, dans une composition à la fois solide et vibrante. Ce tableau est un prélude au cubisme : il montre comment Cézanne commence à rompre avec la perspective traditionnelle pour privilégier la construction par les volumes, anticipant ainsi l’approche de Braque et Picasso.
🎼 Cubismo e música
A música é um tema frequente, especialmente através da representação de instrumentos como violinos, guitarras ou clarinetes. Sua forma se presta perfeitamente ao tratamento cubista.
🎷 1. Clarinete e garrafa de rum sobre uma lareira – Juan Gris (1911–1912)
Nesta natureza morta musical, Gris explora a geometrização de um instrumento enquanto o integra em um cenário doméstico. O clarinete, os objetos colocados sobre a lareira e os jogos de sombras se confundem em uma composição ao mesmo tempo analítica e poética, onde o instrumento se torna forma e estrutura.
🎻 2. O Violino (ou A Mandolina e a Partitura) – Pablo Picasso (1912)
Nesta obra do cubismo sintético, Picasso introduz elementos de partitura musical ao lado de um instrumento de cordas estilizado. A mandolina, a mesa e a partitura estão fundidas em uma composição rítmica que evoca tanto a música visual quanto a sonora.
🎼 3. Violoncelo e partituras – Georges Braque (1913–1914)
Aqui, Braque leva o conceito de colagem mais longe, integrando letras, fragmentos de partituras e formas de instrumentos em uma tela sóbria e estruturada. A pintura se torna uma espécie de partitura pictórica, onde os sons parecem emergir das próprias formas cubistas.

🎵 Os Três Músicos – Pablo Picasso (1921)
Esta obra emblemática do cubismo sintético representa três músicos estilizados – um clarinetista, um guitarrista e um cantor de acordeão – formados a partir de formas planas, coloridas e entrelaçadas como um quebra-cabeça geométrico. Picasso aplica os princípios do collage na pintura, enquanto torna a cena viva e rítmica. Por trás de sua aparente simplicidade, a pintura é uma obra-prima de composição, harmonia e simbolismo. Reflete a influência persistente do cubismo, tingida com um toque de fantasia e modernidade.
👩 Cubismo e figura feminina
A mulher é um motivo constante na obra de Picasso, frequentemente transformada em uma entidade quase escultural. O corpo é geometricamente moldado, fragmentado, mas sempre poderosamente presente.
👩🎨 1. Mulher sentada em uma cadeira – Pablo Picasso (1910)
Nesta obra do cubismo analítico, Picasso fragmenta o corpo feminino em planos sobrepostos. O rosto, as mãos, o vestido e a cadeira entrelaçam-se em uma estrutura complexa. A mulher torna-se um quebra-cabeça visual, ao mesmo tempo misteriosa e introspectiva, onde cada detalhe é desconstruído e reconstruído segundo a lógica cubista.

🪞 2. Mulher com a mandolina – Georges Braque (1910)
Esta composição mistura música e figura feminina, dois temas caros ao cubismo. Braque reduz a mulher e seu instrumento a um conjunto de formas geométricas entrelaçadas, em uma paleta sóbria e delicada. A obra emana uma atmosfera calma e meditativa, quase escultural.
🧍Mulher sentada – Pablo Picasso (1913)
Um retrato cubista sintético onde a figura feminina é estilizada ao extremo, feita de planos coloridos e formas angulares dinâmicas.
A mulher com o leque – Jean Metzinger (1913)
Retrato elegante e refinado de uma mulher sentada, em um estilo cubista poético. As formas são decompostas com suavidade e precisão.
Femme lisant – Albert Gleizes (1920)
Representação estilizada de uma mulher absorvida em sua leitura, onde as linhas curvas do corpo estão integradas em um universo geométrico fluido.
Femme à la mandoline – Pablo Picasso (1910)
O rosto feminino se funde nas curvas do instrumento, os dois se fundindo em uma composição de volumes entrelaçados, quase escultural.



































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